Projeto da DS/Rio ajuda famílias vulneráveis a terem um começo de ano um pouco melhor

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O Projeto Cestas Básicas RJ conseguiu fazer mais algumas doações neste final de ano. Graças às contribuições dos filiados, correndo contra o tempo, 400 kits de alimentos e material de higiene e limpeza foram entregues em quatro comunidades do Rio de Janeiro.

Cerro Corá – A comunidade surgiu na Zona Sul do Rio: no topo do bairro do Cosme Velho, e abaixo do morro do Corcovado. Durante o século 19 havia ali uma fazenda administrada por descendentes de escravizados, que viviam nos locais das senzalas. Em 1909, as construções foram demolidas e a madeira foi usada para construir casas. A maior parte da estrutura do Cerro Corá foi formada depois de 1964, quando trabalhadores vieram construir o Túnel Rebouças, uma das principais vias de tráfego do Rio, que passa diretamente embaixo da favela. 

Com vistas ao desenvolvimento da comunidade, um grupo de moradores e colaboradores se juntou para formar o “Cerro Corá Moradores em Movimento”. Em 2013, o grupo começou o projeto de um museu chamado “Memórias do Cerro Corá”, com fotos e relatos históricos da comunidade. Em 2014, ocupou a Associação de Moradores, que estava fora de funcionamento, e construiu e fundou uma biblioteca comunitária no local. Criada para promover ações socioculturais na comunidade, Biblioteca Comunitária do Cerro Corá (veja aqui) cresceu com o empenho e participação dos moradores e hoje também acolhe, em suas dependências, o Museu de Memórias, um cinema e o curso “Pré-Vestibular Popular Cerro Corá”, criado em 2016. Foi este o coletivo que recebeu, e distribuiu rapidamente, as cestas básicas às famílias mais necessitadas. Essa foi a quinta ação humanitária da DS/Rio no local, sendo que em todas Ricardo Rodrigues, coordenador da Biblioteca, atuou como interlocutor. Em agradecimento aos nossos filiados pela iniciativa de aliviar as privações das famílias beneficiadas pelas doações, Ricardo os convida a conhecer este belo trabalho comunitário.

Rio das Pedras – Rio das Pedras está localizada em Jacarepaguá, na zona oeste carioca. Recebeu esse nome em razão de um rio que começa na Floresta da Tijuca e corre inteiramente através da comunidade. Cresceu junto com a Barra da Tijuca nos anos 70 e 80, à medida que aumentava a demanda por mão de obra na região, atraindo muitos trabalhadores vindos do Nordeste, que marcam a cultura local ainda hoje. Foi o local de uma das primeiras milícias no Estado do Rio.

Essa foi a quarta doação à comunidade, localizada em Jacarepaguá, na zona oeste carioca, sempre intermediadas pelo Movimento Cine&Rock, entidade de utilidade pública local que reúne os jovens da região através de projetos culturais e pedagógicos. Desde o início da pandemia da Covid-19, o Movimento Cine&Rock vem se destacando também no trabalho de ação social, em campanha permanente para captação e distribuição de alimentos e produtos de higiene aos moradores da localidade. Além disso, oferece refeições aos jovens inscritos nos projetos: são em média 50 as crianças e jovens que almoçam e jantam na sede do projeto. “Aqui são 2kg de feijão no almoço e na janta, e 5kg de arroz por dia…”, afirma Leandro Alves de Oliveira, o Leu, presidente da ONG. Mas relata que tem sido bastante difícil conseguir atender às famílias. Os agradecimentos, bem como vídeo da entrega, podem ser vistos na página do projeto (veja aqui).

Cidade de Deus – Cidade de Deus é um bairro da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro. No local, encontra-se uma das maiores favelas do Rio, que também se chama Cidade de Deus; faz limite com os bairros de Jacarepaguá, Gardênia Azul, Freguesia e Taquara. Foi terra de indígenas tamoios, tornou-se sesmaria e foi ocupada por fazendas. Na década de 1960, a região recebeu pessoas removidas de várias favelas da cidade pelo governador (do então estado da Guanabara) Carlos Lacerda, para as quais foram construídos conjuntos habitacionais. Logo o crescimento se tornou desordenado. A partir de 1980, lá surgiram várias associações de moradores, agremiações esportivas  e de samba, grupos de teatro e dança, revistas, cineclubes, igrejas e movimentos negros. A partir de 2003, vários processos confluíram, constituindo novas condições de organização e articulação tendo em vista a transformação da realidade da Cidade de Deus. A crise econômica do país e a retomada dos confrontos entre traficantes, milicianos e policiais afugentou aqueles que viam a comunidade como uma oportunidade de negócio.  Apresenta hoje indicadores sociais entre os mais críticos da cidade, embora esteja situada na vizinhança de bairros de maior poder aquisitivo: a Barra da Tijuca e a Freguesia. O cenário varia entre classe média baixa até, nas partes mais pobres, aglomerações de barracos de madeira ao longo de valões. A violência é uma constante.

O Projeto Cestas Básicas RJ entregou cestas básicas aí antes, ainda em 2020, através da Frente da Cidade de Deus, grupo criado por moradores e voluntários para atuar no combate à propagação do coronavírus e ajudar os mais necessitados. Desta vez contamos com a ajuda do Instituto Legado 10 (veja aqui), que visa propiciar a crianças, através da cultura, do esporte e da educação, uma base de conhecimentos, valores, aptidões e bens culturais, que possam levar, aplicar e transmitir pela vida afora.

Babilônia e Chapéu-Mangueira – As comunidades Chapéu-Mangueira e Babilônia ficam na Zona Sul da cidade, no entorno do bairro do Leme, e seu território (principalmente o da Babilônia) está na extensão do Morro da Babilônia, importante área de preservação ambiental (APA). A Babilônia é considerada a mais antiga, possuindo ainda traços rurais, e é marcada por uma população oriunda especialmente do Norte e Nordeste do país, de condição socioeconômica mais pobre. Já Chapéu-Mangueira é uma favela moderna, de ocupação mais recente, de trabalhadores urbanos. 

Pela segunda vez, o Tributo à Vida entrega cestas básicas nestas comunidades. Da primeira vez, ainda no primeiro ano da pandemia, a entrega foi feita à Associação dos Moradores da Babilônia. Desta vez, foram entregues ao Espaço Jardim da Babilônia (veja aqui), na pessoa de seu diretor Álvaro Maciel – também dirigente da ONG Associação Cultural e Ecológica do Leme -, cuja carta de agradecimento segue anexa.

O projeto – A diretoria da DS/Rio agradece a todos os colegas que, desde abril de 2020, vêm se dedicando ao Tributo à Vida. O projeto de cestas básicas da DS/Rio nasceu por demanda dos próprios filiados, e tinha por objetivo minimizar as dificuldades socioeconômicas da parcela significativa de habitantes do Rio de Janeiro que já que já vinha enfrentando enfrentando uma dura realidade socioeconômica, e que, após a chegada do Covid-19 ao País, foi atingida ainda mais duramente pelo desemprego, subemprego e falta de perspectivas. 

O compromisso assumido era manter este trabalho ativo enquanto durassem os efeitos da pandemia – mas, embora ela tenha chegado ao fim, as doações continuam sendo feitas até hoje. Assim o projeto, embora reduzido, sobrevive.

Diferentes facetas da desigualdade social vão sendo expostas a cada entrega, e reiteram a importância da iniciativa, que, além de alimentos, leva alento a pessoas que passam por grandes privações.

As doações e o trabalho são voluntários, realizados por diretores por diretores e filiados da DS/Rio movidos pelo espírito coletivo de solidariedade e pela lição difundida pelo sociólogo Herbert “Betinho” de Souza: “Quem tem fome, tem pressa”. Dos valores doados para aquisição das cestas básicas à organização das entregas nas instituições idôneas catalogadas pela diretoria da DS/Rio, contabilizamos muitos nomes e muitas mãos que se envolveram desde o começo da ação e seguem, até hoje, contribuindo como possível.

Agradecemos a todos por mais um ano de engajamento nesta ação social da base Rio.

Desejamos a todos um ano mais feliz e solidário.

Unidos e solidários, podemos colaborar de fato com quem mais precisa!

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